quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O nevoeiro

Estava escurecendo, e ainda não tinha ido tomar banho. Nossa que isso! Eu com preguiça, até de tomar banho? Ok tinha acabado as minhas 2horinhas cotidianas da academia, meu cabelo estava totalmente molhado, o corpo então, nem se fala, todo melado de suor. Sim eu tinha que tomar banho! Procurei meu pijama rosa de coelhinhos, e fui direto pro chuveiro. Precisava de algo que me acordasse, pois tinha que revisar a matéria de matemática, se não estivesse animada o suficiente, dormiria em cima do livro e do caderno.
Liguei o chuveiro, esperei esquentar um pouco, entrei. Estava totalmente viajando, pensando na escola, em Daniel, na minha irmã, chateada por não conseguir um emprego, e com os meus “probleminhas” de adolescente. Havia passado algum tempo, as paredes do banheiro estavam todas úmidas, olhei pro teto, um nevoeiro.
Então me veio à cabeça um pensamento completamente maluco, por não conseguir mais ver o  reflexo no vidro do Box, imaginei-me sumindo. Como se eu estivesse morrendo, desaparecendo, a cada minuto.  Ui, como a minha cabeça dava grandes e boas voltas, como tinha uma imaginação fértil!
Tinha ficado uma hora no banho, que desperdício de água, conseguia consolar-me um pouco, pois não sou daquelas pessoas ignorantes, que ficam horas e horas no banho.
Fui direto pro quarto, comecei a refazer uns exercícios, os quais a professora havia corrigido na última aula, admito, estava com dificuldades ainda. Começou a ficar tudo embaçado, não é á toa, era quase meia noite. Os números estavam todos se embolando, meu pensamento, todo confuso.
Acordei em cima da escrivaninha, com a marca do caderno e do lápis no rosto. Quando estava passando o uniforme, lembrei-me do que tinha sonhado. Parecia o filme da Alice no País das Maravilhas, baralho, Rainha de Copas, mas também tinham vários números correndo atrás de mim. Comecei a rir de mim mesma, como era tola.
A aula passou num piscar de olhos, também, artes, educação física e aula de leitura, quem não gostava?
Quando cheguei em casa tinha recebido uma mensagem do Dani, “ Linda, tão lindaaa! Eu preciso te ver moça, faz falta ás vezes sabia? Com quem vou desabafar? Passo na sua casa 14horas que tal?”. Com um sorriso estampado em meu rosto, respondi “Claro, não precisa nem pedir Dani, pode vir”. Voei pela casa, dei uma arrumadinha básica, meus gatos, Piquitita e Mio, faziam uma tremenda bagunça.
Escutei Dani me chamar no portão, fui saltitante abrir. Ele estendeu os ursos braços, e nem preciso repetir, era o melhor de todos.
Passamos a tarde toda, falando abobrinhas, mas tinha algo de errado, por ser o meu bff, sabia de longe. Ele me encarava com seu par de olhos mel, que no sol viravam verdes, tão intensamente que até me arrepiava. Poxa vida, pra que? Só pra me deixar curiosa e preocupada? Isso me deixava realmente furiosa.
Ele foi embora ás 19:30, pois as 21horas começava a faculdade.
Fui me arrumar para dormir, eram mais ou menos 22:55, por aí. Quando recebo uma mensagem, desbloqueei o celular e li “Desse jeito, fica fácil, sweet girl, -D”, que legal, mais uma pra minha coleção. Estava sozinha em casa.
O que me deixou com medo.
Coloquei meu pijama de coelhinhos, e fui direto pra cama, com um frio na barriga, como se tivesse borboletas no meu estômago. 

3 comentários:

  1. Mill,
    Ainda bem que o vapor do chuveiro serve para inspirar, e não para fazer a personagem sumir de verdade!
    Parece que ela tem muita outra história para contar, pela frente...

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  2. Queria me perder neste nevoeiro...
    E nele ser resgatado-encontrado
    por uma fada fantasiada:
    "pijama rosa e coelhinhos".
    Essa fada, que sonho estar sonhando
    comigo - ah, pudera eu -
    escreve muito bem.
    Imagino que ela exista
    em sonho de outrém.
    Ali, ela escreve poesia
    de que malmequer bem -
    me quer.

    Com admiração,
    D.

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