quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A prova

Meu corpo estava todo suado, não conseguia dormir, eram  2 horas da manhã, e tinha que descansar, pois teria uma prova da matéria que eu não dominava: matemática. Virava de um lado para o outro na cama e não me vinha um pingo de sono. Não era uma noite normal, estava ventando muito e, como morava na rua da praia, escutava as ondas do mar estourando na areia.  Fui para a sacada, pois uma das coisas que mais me tranqüilizavam era tomar um ar.
Estava de pijama, deitada no chão mas, olhando para o lugar em que estava, percebi que não era no meu quarto. Comecei a ficar preocupada porque estava tudo escuro e, pelo o que conseguia enxergar, era uma floresta cheia de árvores grandes e altas. Estava toda encolhida e o frio era tão grande, que minha boca começou a tremer. Levantei –me e comecei a correr: não sei para onde, mas sentia que tinha que chegar a algum lugar . Deparei-me com uma árvore carregada de amoras bem suculentas e apanhei  três, uma para comer agora e duas para mais tarde. Quando dei  a primeira  dentada, o gosto era adocicado, nunca havia experimentado uma fruta tão saborosa como essa, tão madura. Entretanto, quando engoli, senti um gosto ácido e, quando olhei mais uma vez para a amora, percebi que obtinha uma forma parecida com um rosto. Fui para a claridade da lua para observar e percebi que se formara o rosto de meu pai falecido a dois anos. Comecei a chorar e a correr assustada, não sei para onde. Havia tropeçado em um galho e não conseguia me levantar, minhas pernas estavam rígidas, como se meus músculos estivessem se rompendo . Olhei para frente e me deparei com uma velha com aparência muito feia, ela gargalhava loucamente, e comecei a  chorar de nervosismo e medo ao mesmo tempo. Tentava me mexer, mas meu corpo estava se enrijecendo. A velha, então, lançou um pó verde sobre mim e logo me veio à cabeça: “pronto, ela vai me matar, e fazer sei lá o quê comigo”. Como não me vinha mais nada à cabeça, comecei a me tranqüilizar inspirando e expirando calmamente. Aos poucos, fui recuperando meus movimentos  e comecei a correr o mais rápido que conseguia. Como a velha não estava muito em forma, corria como um burrico, tropeçando e caindo. Não sei como, ela conseguiu me alcançar. Olhei bem para os olhos que fitavam o meu pescoço e percebi  que seus dentes eram bem afiados. Julguei que ela poderia ser uma vampira, seus olhos começaram a ficar avermelhados, e eu não conseguia mais correr de tanto medo.

Acordei  coberta de suor. Olhei para o relógio digital da cabeceira e vi que eram 6 da manhã, exatamente a hora em que meu pai havia falecido. Levantei , peguei o  uniforme da escola e fui tomar um banho quente .
Desci as escadas e uma voz aveludada me recebeu :
 - Querida eu fiz um pão quente para você tomar café .
Olhei para minha mãe mas me deparei com a velha do meu sonho .

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